domingo, 1 de julho de 2012
O último homem
O último homem
Wesley Faria
quando o último gole for derramado,
quando o último grito ficar rouco,
quando o lampejo for um lume riscado,
quando o último cristo ficar louco,
quando o calvário for um corte solto,
o homem entenderá seu valor,
Quando a última moeda perder seu brilho,
quando a última nota for rasgada,
quando a última estrela cadente tombar,
quando a última página for lida,
quando a última folha secar,
o homem entenderá seu valor,
Valor imaginário, dissoluto em barro seco,
valor seco, dissoluto em barro imaginário,
barro da vida, dissoluta em valores secos,
Secos homens caminharão sobre a terra,
tentarão semear as últimas farpas de vida,
tentarão aguar as últimas memórias de sonho,
ruminarão pesadelos nucleares,
colherão rosas de onde nem o lodo nasce mais,
Homens e mulheres migrarão, filhos em punho,
punhos de crianças servirão de brasões,
serão então imigrantes de uma terra de ninguém,
serão então imigrantes de uma terra de ninguém,
onde ninguém mora ou morou,
onde ninguém sonha ou sonhou,
onde ninguém caminha ou caminhou,
onde ninguém jamais existiu,
Quando o último golpe for dado,
e a luz tocar a fronte,
o último homem, de cima do monte,
desejará nunca ter entendido seu valor,
Quando o último golpe for dado,
e a luz tocar a fronte,
o último homem, de cima do monte,
desejará nunca ter entendido seu valor,
podendo assim caminhar com seu sorriso
entalhado a lâmina fria no rosto de mármore,
Desfrutará da doce ignorância que move os seres,
Caminhará com passos largos,
pisará na lama e verá jasmins,
sentirá envolto ao amor dos muitos,
mesmo solitário em sua prisão invisível,
caminhará onde ninguém caminhou,
existirá onde ninguém existiu,
Conquistará oque ninguém conquistou
e desistirá, quando ninguém desistiu.
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