quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Enquanto houverem estrelas.

Enquanto houverem estrelas
W.Faria

Hoje o céu acordou mais cedo,
Clamou o nome dos amantes,
Neblinas turvas e conselhos dos ventos
Assopram-me os ares "vem"
E eu vou.

Hoje a lua tem um tom avermelhado,
Repare o cobre acentuado,
E brilha como se não pudesse mais brilhar
As aves que se arriscam pela madrugada
Logo se amedrontam e voltam ao lar,
Essas aves me chamam "vem"
E eu vou.

Dentro de meus pastos interiores
Existem ninhos e flores,
Existem cascatas e dores
Geladas corredeiras de neve
Que é para onde viajo quando meu peito se atreve,
Atrevo-me a reconhecer meu interior cada dia mais,
Chamo-me "vem"
E eu vou.

Vou, pois sei que ainda existe um lugar
Sei que posso encontrar em mim um berço,
Um terço para rezar, um abrigo para voltar,
Vou, pois sei que os sonhos são gestos de ternura,
Devaneios de loucura e quando pinto meus céus,
Meus véus, minhas paisagens, nunca me esqueço
que um dia tudo isso será apenas uma imagem,
Mas vou, enquanto houverem estrelas a descobrir,
Quero vagar por um céu que ainda não conheci.