sábado, 11 de abril de 2015

Nordeste beijo

Nordeste beijo
W.Faria

Rasgar a cara do asfalto
Com o peito movido de céu,
Rachar a curva da terra
Com os olhos varados de um réu,
Enevoar sete ares,
Esquecer de cada anágua,
Escurecer o sagrado,
Inundar cada cristo em água.

Nordeste-me um beijo seco,
Com as vozes do canavial,
Caravelas, cabelos soltos,
Pobres Dantes, afinal,
Cobriram-me sentimentos fúteis,
De um ouro marginal,
Arranquei a cruz do chão
E plantei o meu protesto,
Não aceito a solidão
Como soldo de um ladrão.

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