segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Entre padres e ladrões
W.Faria

Olha tua mão, vê as linhas que a cruzam?
De fato não entende que são as mesmas que lhe guiam,
Olha teus pés, vê o formato de teus dedos?
Não se assemelham aos de tua mão
E ainda assim convivem em uma união íntima e incorruptível.

Teus olhos, distintos, ora cegos ora clarividentes,
Conduzem teu pensamento para dentro daquilo que lhe convém,
Não toca mais tua canção, não toca mais os corações,
Não fala mais do teu amor, cálido e brando como o céu entrebranco.

Pensa em ir para o alto sem perceber a putridez do chão de onde vem,
Sugere lindas melodias sem ter força para romper teu silêncio,
Ainda recosta em teu leito como fazia todas as manhãs?
Ainda ora para um deus terrível com aqueles que o abominam
E afável com os que o amam?
Ainda crê em um gramado frutífero em comum união?

Rasga tua veste e veste oque te sobras,
Assim conseguirá o vigor em tua obra.

Por fim, olha tua mão, vê que tudo que quiser é teu,
Do teu corpo fazes aquilo que bem pensar,
E no final, lembra-te que só é teu aquilo que puder carregar.

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