Grito
W.Faria
Para quem se deve orar quando o corpo só perece?
Deveras não lhe parecem cabíveis as preces.
Para qual deus envio meus mares?
Com qual vela percorro minhas marés?
Encarcerado em uma ilhas de lástimas,
Declarado fidalgo em uma podridão de fé.
Uma visita ao coração da lembrança,
Veem-se espectros de um demônio,
Cuida-se do novo e esquece-te do monstro?
Cuida-se do monstro e observa-se o encontro,
Entre alma e calma, entre o nada e a vontade.
Olhos lancinantes, expectoração clara,
Vias aéreas limpas, um sussurro tímido,
Navegantes memórias em pequenas partículas de luz,
Os dedos que lhe tocaram a pele limpa,
Os lábios que lhe perfuraram a alma.
Ressaltam as visões de cães,
Os ladrantes da noite,
Ratos pelos becos,
Cartas, jogatinas,
Passos lentos e um grito,
Grito, grito.
Escarram-se pesares,
Exprimem-se vísceras e cóleras,
Pungentes embaraços,
Em colo de rainha,
Novos príncipes entregues
Por sórdidas mãos,
Acordai-vos,
Acolhei-vos,
Teremos lágrimas ao café da manhã,
Enquanto os reis de nossa era,
Comem seus manjares afãs.
Nenhum comentário:
Postar um comentário