quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Poema-santo II


Poema-santo II
W.Faria

Quando o poema nasce santo,
E o olho se emaranha,
Entre a saudade e o pranto,
Entre a fome e a canção,
Vejo um rastro de saudade,
Acompanhando a procissão.

Quando a terra abre a boca,
E o poema vai de encontro,
Vejo o vento por sua roupa,
Qualquer um pode ser santo,
Rir o riso e vestir manto,
Mas quem veste o limpo e o roto,
Faz sua reza e seu quebranto
se esconderem sob o pranto
do seu peito que se esvai.

É quando o riso se ajeita,
É quando a terra se enfeita,
É quando o abutre espreita,
O prato cheio que cai.

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