quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Apresentação de Poesia no ECFA.

foto_Jessika Vieira
ECFA_Espaço Cultural Francisco de Assis.

Poema-santo II


Poema-santo II
W.Faria

Quando o poema nasce santo,
E o olho se emaranha,
Entre a saudade e o pranto,
Entre a fome e a canção,
Vejo um rastro de saudade,
Acompanhando a procissão.

Quando a terra abre a boca,
E o poema vai de encontro,
Vejo o vento por sua roupa,
Qualquer um pode ser santo,
Rir o riso e vestir manto,
Mas quem veste o limpo e o roto,
Faz sua reza e seu quebranto
se esconderem sob o pranto
do seu peito que se esvai.

É quando o riso se ajeita,
É quando a terra se enfeita,
É quando o abutre espreita,
O prato cheio que cai.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Pé de Serra


Pé de Serra
W.Faria

Foi  lá num pé de serra,
que eu vi a flor deitar,
foi como um tiro de guerra
que o meu coração, se espalhou no ar,
foi  só por um instante,
eu  pude sentir sua solidão
coração frágil, delicado,
se partiu em três
se espalhou no chão.
Os pedaços se esconderam pelos cantos
Mesmo um pranto é santo quando é canção.

Eu do Mato


Eu do Mato
W.Faria

Gosto mesmo é de comer amora, goiaba e comer jamelão.
Rir um riso frouxo com os lábios roxos em profusão.

Gosto de andar descalço, leve, solto feito bicho, feito flor,
feito o morro que ninguém alcança.

Gosto é de nadar no rio, sentir o friozinho gelar a nuca,
caçar rolinha, roçar a relva e me vestir de flores e cipós.

Gosto do gosto de mel, não o enlatado, esse não me agrada não,
gosto do mel natural, aquele que é difícil de pegar e dá mais prazer em comer.

Gosto do cheiro do vale, do canto do sanhaço, gosto de celebrar a vida assim
Sob as estrelas ou sobre o topo brilhante do morro ao longe.

Por fim, gosto de ser a melodia do vento e sussurrar meu nome por onde passo,
assim, deixo um pedaço de mim por aí, pelo mundo e me torno ser sem dimensão,
difuso no ar, caído na grama e cheirando a jasmim, sou mais feliz assim.